segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Castanhas nascem em castanheiras

Dias longos que passam rápido. Muitas sinapses, pelas novidades, ainda encaro as grosserias portuguesas como a criança que faz arte: que bonitinho espalhando todo o cocô pelo chão. Brincadeira, eles são legais, apenas brutos, que como diz o filme, também amam. Mas eu percebo a missão deles no mundo, e considero digna de nota: implantar o óbvio no mundo. E há muita utopia nisto, mesmo porque os princípios básicos de solidariedade humana são óbvios.
Vamos aos fatos que embasam a tese: caminhava eu pela praia, já encafifado há alguns dias com as castanhas que vendem em cada esquina. Há dois tipos de turistas, aquele que tudo sabe, que dá aulas sobre tudo que está vendo, mesmo que seja pela primeira vez e o turista curioso, que parece uma criança de 7 anos. Sou deste segundo tipo e os portugueses percebem isso e, desta forma, tratam-me como uma criança de 7 anos que acabou de chegar no planeta Terra, o que justifica toda didática necessária para explicar o óbvio.
- O que é isso?
- Castanhas.
(Ufa, ainda bem que são castanhas)
- Deixa eu ver?
Ela mostra o pacote de castanhas assadas, umas castanhas redondas, pareciam um pinhão gordo, em formato roliço. Deu-me uma para comer, é uma castanha meio adocicada e, segundo ela, ela é daquele jeito mesmo.
- Você conhece pinhão, que tem no Brasil? Come-se desta mesma forma, mas é mais achatada.
- Não conheço – simples, direta, sem margem para mais assunto, embora turistas de sete anos não precisam de margem.
- E como é a árvore que dá essas castanhas?
- São castanheiras.
Neste momento, olhei para ela profundamente, com a minha melhor cara de conteúdo, mão no queixo, fazendo “hmmm”, e balançando a cabeça em tom de afirmação, como que dizendo: que coisa impressionante, não?
Só então ela percebeu que eu não tinha 7 anos e começou a gargalhar. Eu fui no embalo e só parei 10 minutos depois; ela retomou a sobriedade segundos depois, voltando à característica carranca de “vendo castanhas, por favor só me interrompa se for comprar castanhas.”.
No fim, não arranquei nenhuma informação dela, tirando o fato que experimentei uma castanha. Deve ser isso: eles falam o óbvio para não contar a receita.

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